Veja onde há professores federais em greve no País em
Desde
o início da greve dos professores, iniciada no dia 17 de maio, dois nomes vêm
sendo repetidos à exaustão: Andes e Proifes. Ambas são entidades que
representam a mesma categoria, mas que têm diferenças significativas em suas
formações, atuações e convicções ideológicas. Dois sindicatos, uma categoria: veja
diferenças entre Andes e Proifes. Durante tudo esse tempo houve
um impasse nas negociações, em 13 de julho, o governo apresentou sua primeira
proposta, rejeitada pela categoria. No dia 24 do mesmo mês, foi apresentada uma
nova proposta, aceita apenas pela Proifes, que representa a minoria dos
docentes. Após assinar com a entidade, o governo encerrou as negociações.
"Ainda há um questionamento se é possível chamar o que houve de
negociação, pois a segunda proposta do governo apenas alterou algumas questões,
sem alterar essência", critica o 1º vice-presidente do Andes, Luiz
Henrique Schuch. Segundo ele, a postura do governo diante da greve é o que
justifica a longa duração do movimento. "O governo tem estado de costas
para as universidades", diz. Em nota, o Ministério da Educação (MEC)
defende a proposta encaminhada ao Congresso, afirmando que nela "o governo
busca a valorização da dedicação exclusiva e da titulação dos docentes".
No final de agosto, o Andes protocolou no Ministério do Planejamento e
no Planalto uma contraproposta em que a categoria abre mão de aumento e dá
preferência à reestruturação da carreira. O documento pede que, a cada degrau
de progressão, os professores tenham ajuste de 4% - anteriormente, o percentual
desejado era 5%. O Proifes criticou a contraproposta por acreditar que ela não
valoriza a titulação do profissional e poderia prejudicar a progressão na
carreira, e o governo reafirmou que as negociações estavam fechadas.
"Há prejuízos com a greve, mas manter a educação como está é um
prejuízo muito maior. Em boa medida, a sociedade entendeu isso. Houve sintonia
entre as demandas do movimento e da sociedade, que pede uma educação de
qualidade", avalia Schuch. Eduardo Rolim, presidente do Proifes, considera
a greve vitoriosa por ter reaberto as negociações. "O objetivo central,
que era fazer o governo voltar à mesa, foi atingido", diz.
Uma nota divulgada nesta semana pelo MEC afirma que "professores de
todas as universidades estão retomando suas atividades" e que o órgão
espera "o rito sindical para a volta total das atividades
acadêmicas". O informe diz, ainda, que o ministério está recebendo e
analisando o planejamento das instituições com relação à reposição dos dias
parados.
Raízes
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), vê a perda da "utilidade" das universidades como um dos fatores que estão na origem da greve docente. Para ele, as universidades não estão adaptadas aos desafios atuais, se estruturando da mesma forma desde o século 20. "Antes, quem ia para a universidade tinha o emprego garantido. Hoje, as empresas formam seus próprios profissionais. A universidade não corresponde às expectativas. A greve dura 112 dias porque o governo não vê utilidade nessas instituições", opina o senador ao explicar o que chama de "inversão de prioridades" do governo, que investiria em outros setores, em detrimento da educação.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), vê a perda da "utilidade" das universidades como um dos fatores que estão na origem da greve docente. Para ele, as universidades não estão adaptadas aos desafios atuais, se estruturando da mesma forma desde o século 20. "Antes, quem ia para a universidade tinha o emprego garantido. Hoje, as empresas formam seus próprios profissionais. A universidade não corresponde às expectativas. A greve dura 112 dias porque o governo não vê utilidade nessas instituições", opina o senador ao explicar o que chama de "inversão de prioridades" do governo, que investiria em outros setores, em detrimento da educação.
Buarque diz, ainda, que a paralisação está perto do esgotamento.
"Quando uma greve acaba, as pessoas voltam satisfeitas, mas quando se
esgota ocorre o contrário. Isso pode refletir na redução do empenho de
professores e alunos", alerta.
Para Mateus Prado, presidente do Instituto Henfil, a expansão das
universidades, iniciada no governo Lula, também está na raiz da paralisação. De
acordo com Prado, o aumento do orçamento de cada instituição ficou condicionado
à adesão ao Programa de Apoio ao Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (Reuni), e quando as universidades aderiram à
iniciativa, mais de 120 campus foram abertos em todo Brasil, nem sempre com a
estrutura adequada. "Dentro dos critérios para aderir ao Reuni havia uma
cota de números de alunos por professor. Quem cumpriu essa cota foram os novos
professores dos novos campi, que ganhavam menos que os outros. Isso criou uma
diferença entre os docentes", diz, acrescentando que, quando esses
professores conseguiram estabilidade, passaram a reivindicar melhores condições
de trabalho.
"No máximo em dois anos teremos uma nova greve. Os professores que
estão na base estão longe de casa, da família e ganhando pouco", diz
Prado, se referindo aos docentes dos campi criados na expansão universitária.
"Isso, ao longo do tempo, faz muita diferença. Esses docentes não têm
tempo de fazer pesquisa ou se especializar. Com isso, nós caminhamos para um
cenário semelhante ao de governo FHC", afirma.
A professora Elizabeth Balbachevsky, do Departamento de Ciência Política
da Universidade de São Paulo, concorda com Prado ao afirmar que há perspectiva
de uma nova greve em breve. "O grande problema futuro é que os docentes
saem da greve com gosto de derrota. Se o cenário econômico seguir o mesmo, a
chance de uma situação semelhante é muito grande no próximo ano. O problema vai
se tornar mais agudo, e o grande prejudicado é o aluno", declara.
A professora identifica três raízes para o movimento grevista atual.
Primeiro, um sentimento de frustração que teria acompanhado a tentativa do
governo federal de conter os gastos no início do novo governo, devido ao
cenário econômico, algo que ela define como catalisador do movimento.
"Nessa situação econômica, era impossível que essa gestão seguisse fazendo
o que o governo Lula fez, que foi 'pagar o sossego' das universidades federais
com aumentos, empurrando os salários dos professores e compensando
defasagens", argumenta.
Assim como Prado, ela também vê na expansão das universidades um fator
que contribuiu para a deflagração da greve. "As universidades que aderiram
ao Reuni não tiveram suas expectativas atendidas, e o governo não bancou a infraestrutura
para acompanhar a expansão", analisa. Elizabeth aponta, ainda, uma questão
que, segundo ela, vem de mais longe - a carreira docente. Para a professora, a
carreira foi montada tendo em vista um Brasil com poucos doutores. "Os
professores que já entram com doutorado têm poucas perspectivas de
crescer", aponta.
Ouvi dizer que amanhã (6/9) haverá uma nova assembleia, entretanto, não recebi nenhum email de convocação. Gostaria de saber se a assembleia está confirmada.
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