COMUNICADO
013 – CLG
GREVE
DOCENTE NA UFG
COMANDO
LOCAL DE GREVE DE GOIÂNIA
03/08/2012
PLEBISCITO:
O PACTO ROMPIDO PELA ADUFG
No dia 18 de junho de 2012,
curvando-se ao que a realidade e a necessidade impõem a todos, foi
assinado o acordo entre o Comando Local de Greve (CLG) –
constituído pela Assembleia dos Professores da UFG, após a recusa
do Sindicato a conduzir a reunião – e a ADUFG, que insistia em não
reconhecer a greve deflagrada a partir de 11/06/2012.
Esse acordo selou a unidade do
movimento reivindicatório no âmbito da UFG e, apesar das
dificuldades sentidas e reveladas por ambas as partes, inicialmente
houve esforço para o cumprimento de todos os itens pactuados.
Entre os 7 itens do acordo, o
primeiro deles nos chama à reflexão neste momento, o qual
estabelece: “As deliberações da greve se darão por assembleia
geral”.1
Estranhamente, rompendo de
forma unilateral o acordo, a ADUFG adere ao Plebiscito convocado pelo
PROIFES, organizando-o em Goiás e publica o resultado em seu site:
Do total dos 677 votantes, optaram favoravelmente à proposta
apresentada pelo governo 509 professores e 515 optaram pelo fim da
greve.2
Nada temos contra Plebiscitos.
Aliás, grande parte do movimento social do Brasil os reivindica.
Seria interessante, por exemplo, um plebiscito que perguntasse: Você
concorda que o governo brasileiro gaste 47,19% de seu orçamento com
o pagamento de juros e amortização da dívida e destine para a
educação apenas 3,18%? Poderíamos aproveitar a experiência do
PROIFES e seus afiliados ou coirmãos para perguntas dessa ordem.
Normalmente,um plebiscito é
deliberativo e deve ser precedido de amplo debate por meio de
perguntas,dúvidas suscitadas e respostas, após o pensamento ser
posto em ação em busca do que os grandes pensadores modernos já
chamavam de esclarecimento. Fora isso, o plebiscito pode ser a
própria manipulação, sobretudo quando vem justificado com
argumentos de que em assembléia os professores são levados por
interesses escusos à categoria, “têm tentado à força, com atos
de violência, impor seus interesses particulares ao conjunto do
Movimento Docente, fazendo parecer que há uma realidade que não é
a que pensa a maioria dos docentes, que estão procurando através de
seus sindicatos legítimos e do PROIFES-Federação defender seus
direitos, de forma democrática e autônoma”.3
Ora, não seria subestimar a
capacidade de discernimento dos professores quando afirmam que em
assembléias há aqueles
que impõem interesses particulares ao conjunto do Movimento Docente?
Já a afirmação de que os
sindicatos e o PROIFES são os legítimos defensores dos direitos dos
professores não
parece pressupor que a verdade tem mediadores oficiais?
O não encaminhamento de todas
as decisões das assembleias por parte da diretoria ADUFG e por fim a
quebra do acordo marca um profundo desrespeito a uma das questões
mais caras construídas pela democracia moderna: o acordo, o pacto,
definido também como contrato, só possível entre civilizados, pois
pressupõe a igualdade e, portanto, respeito aos professores da UFG.
Mas, toda quebra de contrato
pressupõe multas, quando também acordadas. No caso da ADUFG, nessa
ruptura com o acordo, serão os próprios professores que saberão,
no tempo certo, aplicar a multa
merecida, segundo livre deliberação.
A julgar que todos os votantes
no plebiscito têm clareza das propostas, e do mesmo modo aqueles que
só acatam as decisões das assembleias,
só nos resta o esforço em favor da continuidade do movimento em
defesa da educação pública e gratuita.
POR
QUE DEVEMOS MANTER A GREVE? AS REIVINDICAÇÕES AINDA NÃO FORAM
ATENDIDAS!
Com
o rompimento do acordo a diretoria da ADUFG tenta legitimar, através
do plebiscito, a proposta defendida pelo Proifes/Governo, que na
verdade não contempla nem seu próprio documento entregue na
assembleia do dia 16/07 “Dez motivos para não aceitar a proposta
do governo”, pelos menos estes não foram contemplados:
- Representa uma ameaça à autonomia universitária, já que será o MEC a estabelecer, posteriormente, os critérios de progressão e promoção, e não as Universidades;
- Prejudica os professores aposentados, especialmente os que já ficaram retidos na classe de adjunto, muitos dos quais foram fundadores das universidades federais;
- Não apresenta uma lógica estrutural. A diferenciação salarial entre regimes, classes e níveis, por exemplo, parece ter sido construída de forma aleatória;
- Cria cláusulas de barreira para que todos os professores possam atingir o topo da carreira, independentemente da sua titulação;
- Provoca redução salarial em algumas das classes ao final da sua implantação, considerando-se a inflação projetada até 2015. (http://www.adufg.org.br/dados/editor/file/10_motivos_para_nao_aceitar_a_proposta_do_governo.pdf)
O
que defendemos é uma proposta objetiva de carreira para negociação,
pois temos interesse em sair da greve, como
foi encaminhado na última assembleia.
I -
Aspectos conceituais da carreira que não provocam impacto
orçamentário:
- Promoção e progressão. Retirar da proposta que a edição das diretrizes seja feita por um GT externo a Universidade estabelecidas pelo MEC.
- Contra-cheque. Uma linha no contracheque: Vencimento básico + RT (Retribuição por titulação);
- Carreira única com a incorporação da classe de Titular. Retirar da proposta a carreira isolada de Titular destinado a 5% através de novo concurso público.
- Percentuais fixos entre as titulações - arredondando, 10% (auxiliar), 20% (assistente), 40% (adjunto) e 80% (associado). Os valores exatos negociados mantendo a relação entre eles. (Utilizar os recursos previstos na LDO distribuindo-os de forma homogenia para eliminar as distorções na carreira).
- Acréscimos nas Progressões. Percentual fixo de acréscimo salarial nos degraus da carreira, de 5% entre níveis, mas a implantação pode ser escalonada no tempo para acomodar o impacto orçamentário aceito pelo governo.
- Proporcionalidade no regime de trabalho. Percentual fixo e universal na relação entre os regimes de trabalho: 40h tem de ser o dobro de 20h, e DE tem de ser no mínimo o triplo.
- Promoção por titulação. Retirar da proposta a exigência de ser feita após a aprovação em estágio probatório.
II –
Aspectos que implicam em impacto orçamentário:
- Aposentados. Garantir o reenquadramento dos aposentados na minuta da negociação, e não em um GT posterior a negociação, estendendo a eles o reposicionamento proposto para os professores associados na ativa;
- Estabelecimento de plano com prazos para solução de problemas de infraestrutura e expansão;
- Negociar cronograma para a eliminação do déficit de docentes e servidores técnico-administrativos.
III –
Exemplo da distorção ocorrido na proposta de reposicionamento na
carreira proposta do governo:
- Para o professor adjunto 1 e professor associado 1 hoje chegar ao topo da carreira terá que aguardar no mínimo 17 anos e 10 anos respectivamente. (http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=14751).
Caros colegas docentes, integrantes do CLG/UFG,
ResponderExcluirParabéns por mais esse texto lúcido, que denuncia um rompimento de acordo cujo conhecimento vem se espalhando no movimento docente em nível nacional. Fiquem tranqüilos: a diretoria da ADUFG está cada vez mais comentada no Brasil ...
Pelo bem da categoria, do movimento docente, da universidade pública e do povo brasileiro, espero que a diretoria da ADUFG pague a devida “multa” o quanto antes.
Saudações democráticas!
Eu só queria entender porque nossos colegas que vão as assembléias queriam proibir a ADUFG de consultar seus filiados. Em um país que usa voto eletrônico a mais de 15 anos, não consigo entender a razão... A partir desse fato passei a ser totalmente contra ao nosso CLG e seus atos.
ResponderExcluir"Você concorda que o governo brasileiro gaste 47,19% de seu orçamento com o pagamento de juros e amortização da dívida e destine para a educação apenas 3,18%? "
ResponderExcluirGente, quer dizer agora que devemos parar de pagar o que devemos? Acho que vou começar dando o calote no meu cartão de crédito...kkkkkkkk