sexta-feira, 15 de junho de 2012

Carta ao Reitor


carta  ao  reitor
Greve Docente na UFG
Comando Local de Greve de Goiânia
15/06/2012

Magnífico Reitor.
O professor João de Deus, professor do IESA e atualmente diretor daquela unidade, redigiu uma carta aberta, de caráter pessoal, fazendo-a circular por meios de comunicação institucionais da UFG.  Nesse passo, transpondo os limites em que no serviço público todos devemos decorosamente nos manter, macula a esfera institucional com demandas de caráter privado, como mostraremos.
Primeiramente, apresenta queixas contra o comportamento de terceiros que, segundo ele, no interior do movimento docente, o agrediram e fizeram comentários caluniosos e difamadores a seu respeito.  Ora, tais reclamações têm enquadramento jurídico, e existem instâncias adequadas para tratar delas — mas um fórum de diretores de unidades acadêmicas de uma Instituição Federal de Ensino certamente não é uma delas.
Em seguida, baseando-se nessas queixas, o professor João de Deus desqualifica a Assembleia do dia 06 de junho e, ao mesmo tempo, apresenta suas posições e opiniões sobre a luta sindical e o movi­mento dos professores, inclusive em nível nacional.  Ora, tais questões estão no campo da organização de classe, e podem ser levadas às instâncias do movimento ou até, dependendo do caso, à justiça comum — mas não à esfera administrativa desta Universidade, cuja natureza é alheia à substância da demanda.
Claramente, o professor João de Deus tinha insatisfações pessoais e sobretudo interesses políticos em mente ao redigir a referida carta.  Aliás, vê-se, ele usa as primeiras para avançar o argumento em favor dos últimos, o que configura uma politização do desafeto, que já é em si um rebaixamento do debate sindical — mas nem é este o problema que trazemos a V. Magnificência.  O problema mais grave é que, para fazer circular esse libelo, o professor João de Deus vale-se de um expediente moralmente no mínimo questionável: sua carta se destina “aos diretores e demais colegas”, mas ele a distribui usando um canal convencional de comunicação recíproca entre diretores de unidades acadêmicas — ora, como, afinal, a carta chegaria aos “demais colegas”, a quem ela também se destinava?  O caminho estava implícito na retórica da carta: não por acaso, antes de passar à argumentação propriamente sindical, o professor João de Deus não se esquece de pedir “a ajuda de todos”.  E de fato, foi pela via institucional, com a intermediação de alguns diretores, que essa carta de teor privado se difundiu no corpo docente (fato claramente demonstrado no e-mail anexo, em que se vê o percurso de encaminha­mento de Diretor a Coordenador Administrativo e deste aos professores).
Nem é preciso enfatizar, não cabe às instâncias administrativas desta Universidade, no estrito cumpri­mento de suas funções institucionais, publicizar material deste teor, devendo os dirigentes, em nome do decoro, se manter nos limites da função.  Até porque, convém não esquecer, há o risco de, por sua assimilação às instâncias administrativas da Universidade, a carta, por seu conteúdo, comprometer a própria imagem institucional UFG — afinal, o que o professor João de Deus apresenta é apenas a sua versão dos acontecimentos.
Em face do exposto, o Comando  Local de Greve vem, respeitosamente, manifestar a V. Magnificên­cia a sua discordância em relação a esse procedimento, e solicitar providências.
Atenciosamente,
Comando de Greve

Um comentário:

  1. Implantação do Reuni
    Cheguei à UFG em 1995 procedente da Embrapa, na qual trabalhei por 20 anos. Assisti algumas greves, participei de algumas reuniões do Sindicato, onde o pau quebrava. Não via ninguém preocupado com a Universidade, em si, era muita briga, discussões e até agressões verbais. Resultados concretos? Eram insignificantes! Ia às reuniões pensando que como professores, altamente qualificados, a nata do conhecimento, delas sairiam grandes projetos para uma Universidade de verdade, procurando nivelá-las às mais conceituadas em nível mundial (pelo menos uma entre as 100 primeiras), em termos de ensino, pesquisas de verdade para resolver os problemas de um país carente e, extensão.
    Mas, como não apresentavam para o governo um projeto arrojado, consistente, para que as universidades tomassem um rumo certo, mas apenas preocupações com os cargos e salários, o governo, na época do FHC, nos enviava alguma coisa de cima para baixo, entre elas a gratificação de estimulo à docência (GED). Sabiam eles, do governo, que muitos professores davam poucas aulas e recebiam igual aos que davam muitas aulas. Em alguns departamentos chegaram a faltar disciplinas para professores, porque ninguém queria deixar de ganhar um pouquinho a mais. Dado o aumento a greve acabava. E a Universidade?
    A partir de 2006 as coisas mudaram, novas perspectivas para uma Universidade que estava estagnada há vários anos. Para não dizer que seria de “mãos beijadas’ o Governo instituiu o Reuni (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), no qual estipulava que para receber verbas a Universidade deveria se comprometer em expandir-se, ampliar o número de vagas, criar mais cursos, em especial noturnos entre outros. Os eternos “do contra” foram radicais, na UFG a reunião do Consuni para aprovar o Reuni foi cancelada, pois foi invadida pelos baderneiros com estudantes como massa de manobra, em total desrespeito aos membros do Conselho. Posteriormente os membros do Consuni conseguiram reunir-se em sala fechada e trancada da Justiça Federal no centro de Goiânia, só assim, aprovando a entrada da UFG no plano de expansão. Até agora, com o empenho quase obsessivo do Reitor, a UFG praticamente dobrou de tamanho em número de prédios construídos (espaço físico), em número de professores efetivos contratados (antes eram quase 50% de substitutos), cursos novos oferecidos, número de vagas nos diferentes cursos e, etc. Será que os baderneiros estavam corretos?
    Prof. Tomás de Aquino Portes – ICB/UFG

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