sábado, 4 de agosto de 2012

O trabalho docente, por NILO SÉRGIO TRONCOSO CHAVES


O trabalho docente
Um dos artigos mais equivocados que já li foi o de Alberto Costa de Almeida, publicado em 17 de julho, na Folha de S. Paulo. A base é uma tentativa de desmoralização, uma tremenda falta de respeito e uma equivocada interpretação da importância do trabalho docente e dos valores percebidos por tal atividade.
Fui professor durante 42 anos, sendo 38 anos na universidade pública. Depois do meu ingresso na universidade fiz mestrado, doutorado, pós-doutorado e me tornei titular por concurso público, para o qual fui demitido e contratado novamente. Tive de cumprir estágio probatório e fui prejudicado em algumas questões trabalhistas.
Atuei em todas as fases da escolaridade e, na universidade fui professor e orientador em todos os programas – graduação, especialização, mestrado e doutorado. Implementei e trabalhei num serviço de extensão universitária, com uma casuística acumulada de mais de 6 mil atendimentos e mais de 3 mil cirurgias.
Não faço parte de uma elite de pessoas que ganham salários escandalosamente altos, pagos por todos nós, os contribuintes. Portanto, não é cômico, e trágico creio eu, apenas para os professores, pois moro no subúrbio, minha casa foi financiada e, o meu salário muitas vezes mal dava para as necessidades básicas da minha família.
Tudo que adquiri ou fiz, foi milimetricamente calculado em termos financeiros, para não me perder em dívidas insolúveis.
O senhor Alberto comete equívocos, embora assine como doutor parece desconhecer a rotina da academia universitária. O melhor exemplo que eu poderia dar é ele próprio, pois as maiores riquezas da docência são os seus titulados. Ele jamais seria o que é e jamais teria escrito o artigo se não tivesse sido qualificado pela universidade.
Cada indivíduo formado pela universidade é quem vai para o mercado de trabalho, prestar serviços, montar empresas, empreender, gerar empregos e incrementar a arrecadação pública por meio de impostos e tributos. Assim, a universidade é a instituição que mais gera riquezas, só que pouca gente percebe isto e as que sabem, ignoram.
O artigo do senhor Alberto parece ser provido de rancor para com a universidade pública, cujas razões são escusas, ou foi encomendado, pois ele repete, fielmente, o discurso momentâneo da presidente Dilma e do ministro Mercadante. Digo momentâneo, porque basta resgatar os discursos de ambos, quando não estavam no poder.
O mais contundente deles é o da presidente Dilma com José Serra, quando nos debates para a Presidência ela declara que a docência é a alavanca para o desenvolvimento e que os professores deveriam ser respeitados, com salários dignos, e isto seria compromisso do seu governo.
Este vídeo está disponível na internet. Não há necessidade de aumentar, aleatoriamente, os impostos para pagar os professores, basta remunerá-los dignamente e deixá-los trabalhar em condições adequadas, que os impostos virão com a aceleração que eles promovem para o desenvolvimento do País. A greve nas universidades públicas não é irresponsável, não é extemporânea, ela estava passando da hora de acontecer.
NILO SÉRGIO TRONCOSO CHAVES

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